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Quem compartilha hoje conosco um pouquinho da experiência de vida é a Leila Alcântara. Ela é mãe de duas crianças e precisou fazer uma escolha importante. Ela decidiu mudar de profissão e trabalhar de casa para, assim, ter mais tempo com os filhos. Muitas mulheres lidam com esse dilema, e a Leila conta para gente como foi essa decisão.

“Sempre gostei de crianças. Amava cuidar de bebês e meu sonho era ter um casal de filhos. Comecei a trabalhar aos 18 anos e sempre fui ativa, produtiva, independente financeiramente. Quando me formei, falei que estava realizando um sonho, mas havia outro maior: a maternidade.

Casei aos 26 anos e aos 31 fui abençoada com a chegada da minha primogênita, Sarah. Foi uma gravidez cheia de testemunhos. Continuei trabalhando em tempo integral, em uma clínica de diagnóstico médico, e contava com a ajuda fiel da minha mãe. Minha super mãe, virou super avó. Mas o meu desejo era poder acompanhar mais de perto o crescimento da minha filha. Pra mim era cruel estar longe dela das 7 da manhã as 7 da noite.

Um ano exato se passou e, para nossa surpresa, engravidei novamente. Seria o sonhado Matheus. Eu estava em um ritmo acelerado entre casa, trabalho, igreja e vida social, e até a forma de curtir a segunda gestação foi diferente. Ela passou num sopro. Eu não tinha tempo! Além disso minha mãe teve um problema de saúde e não poderia me auxiliar como antes. A saída para que eu pudesse voltar a trabalhar, depois da licença maternidade, foi colocar meus filhos na escola integral. Só que o meu retorno foi dramático. Fiquei depressiva, perdi peso e não tinha vontade de sair de casa. Não queria levar os dois para a aula, porque estaríamos juntos novamente apenas à noite. Na escola eles tomavam banho, almoçavam, brincavam e passavam a maior parte do dia. Foi um período bastante delicado e com visitas frequentes a pediatras.

Não costumo usar o termo “mãe em tempo integral” ou “em tempo parcial”. Para mim quem é mãe, é mãe 24 horas por dia. Não importa o tamanho da jornada de trabalho. Nunca coloquei os pés na empresa em que trabalhava e desliguei o “botão maternidade”. Se tal botão existe, o meu nunca esteve em off. Criar um filho, educá-lo, prepará-lo para a vida exige investimento. O financeiro é o que vem em primeiro na mente de algumas pessoas, mas o mais importante é o tempo. Já cheguei ao trabalho atrasada porque precisei corrigir um de meus filhos. Tinha duas escolhas: ignorar e fazer vista grossa ou gastar tempo em mostrar que aquele comportamento estava errado. Uma criança de 2 anos não irá se lembrar, e receber da mesma forma uma disciplina, 9 horas depois do acontecido.

E assim via-me presa àquela rotina frenética em que precisamos trabalhar para não abrir mão da independência financeira. Dizem que a maternidade precisa se adequar à realidade do século XXI e não o inverso. Mas eu questionava e minhas conclusões eram contrárias. Via mais importância em meus filhos me terem por perto do que na minha colocação profissional, com um salário garantido. Decidi que não queria abreviar as vivências como mãe. Eu preferia abrir mão de tudo.

Já estava me aventurando no mundo da fotografia e fazia alguns trabalhos nas horas livres. Comecei então a analisar a possibilidade de abandonar o emprego e me dedicar profissionalmente ao meu hobby. Abriria mão de um salário, de estabilidade, para correr o risco em uma área que me possibilitaria passar mais tempo com as crianças. Com o total apoio do meu esposo, pude escolher. Não me importei com o que perderia. Tinha convicção do que iria ganhar. E ganhei. Ganhamos.

Hoje vivo um novo tempo de Deus como família. Tenho a oportunidade de trabalhar em casa e com o que realmente gosto. Ausento-me praticamente apenas nos fins de semana, quando as crianças ficam aos cuidados do pai. Faço minha agenda de acordo com minha realidade e caso compromissos profissionais com pessoais. Não me sobrecarrego e vivo os dois universos com equilíbrio e sem culpa. Tem sido um privilégio, desafiador, e por vezes muito desgastante, mas Deus tem derramado graça e favor.

Sei que existem mães que não querem ou não podem diminuir a carga de trabalho, mas é importante planejar para ficar mais tempo possível com os filhos. Delegar os cuidados para terceiros não anula a responsabilidade e importância da mãe. É necessário se fazer presente de alguma forma. Existem estudos que mostram que, principalmente no primeiro ano de vida, o vínculo é fundamental e ele será fortalecido com a pessoa que mais passa tempo com a criança.

Não alimento críticas a quem precisa trabalhar em tempo integral, pois sei que o sustento para muitas famílias depende dessa contribuição, mas aconselho que não se esqueçam dos filhos. Fortaleça o vínculo como puder. Sempre que possível dê atenção e demonstre interesse. Olhe os cadernos, pergunte sobre os amiguinhos. Se você não pode levá-los a escola e não tem contato direito com as professoras, mande um bilhete perguntando se está tudo bem. Esse elo entre pais e escola é importante. Não se mostre presente apenas em reuniões ou na assinatura de um bilhete. Não substitua ausência por presentes, nem seja permissiva diante de situações que exigem disciplina. Você estando ou não em casa a criança precisa reconhecer a autoridade e liderança.

Há um contraponto de mulheres que estão em casa fisicamente, mas não estão felizes. Lamentam-se por viverem em função dos filhos. Mas abençoado é o lar que tem uma mãe presente. Por isso não faça desse um tempo de pesar, nem culpe a criança por ela precisar de você. Uma mãe resolvida criará filhos emocionalmente saudáveis.

Quero pontuar alguns benefícios, que obtive em curto prazo por ter mais tempo com meus filhos:

-O rendimento escolar é extremamente positivo. Estudo com eles e os estimulo frequentemente.

-Posso levá-los e buscá-los nos compromissos diários.

-Nossas refeições são feitas à mesa, juntos.

-Saímos durante o dia para fazer um lanche, ir a pracinha ou visitar pessoas. Não estamos mais vinculados aos passeios nos fins de semana. Nossa segunda feira é super bem-vinda!

-Eles não adoecem frequentemente como na época da escola integral.

-Não tenho a convivência com colegas de trabalho, mas tenho mais tempo para os amigos de verdade. Invisto mais em mim e em meus relacionamentos.

Trabalhar de casa, acompanhando de perto a Sarah e o Matheus, tem me ensinado muito e essas experiências fortalecem meu coração. Deus me deu essas preciosidades e o meu dever é assegurá-los de amor e cuidado. Oro para você, mãe que deseja ter mais tempo para seus filhos, encontre esperança e coragem para fazer sua escolha, com alternativas vindas de Deus. Continue buscando diligentemente toda graça, amor e sabedoria no desempenho desse chamados que é ser mãe.

“Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” Mateus 6.21

Leila Alcântara, 37 anos. Esposa, mãe e fotógrafa.